Numa manhã de quinta feira,no dia 8 de maio,por volta de umas 11h da manhã,ouço no rádio uma notícia sobre o intérprete de "A Majestade e o Sabiá".Meio que pelo finalzinho que eu pego essa notícia,mas um pressentimento veio a mim de que ele havia morrido.
E foi exatemente isso mesmo.
Não foi uma triste madrugada em que se perdeu um violão,mas sim uma triste manhã de quinta feira.Não só para mim,mas também para os demais fãs de Jair Rodrigues de Oliveira,natural de Igarapava(SP),nascido no dia 6 de Fevereiro de 1939.Começou a cantar na igreja,foi para a capital paulista e lá,foi engraxate,fora outros trabalhos que ele fazia,que aqui agora não dá para lembrar.Só se sabe que,mesmo assim,ele não parou de cantar.
Jair gravou o seu primeiro LP em 1962.Em seguida,fez parceria com Elis Regina no disco "Dois na Bossa".Depois deste feito,eis que ambos passaram a apresentar o programa "O Fino da Bossa",na TV Record na década de 60.
No ano de 1966,Jair cantou o que o revelaria de maneira estrondosa:a composição de Théo de Barros e Geraldo Vandré,"Disparada".Foi aí que surgiu o Jair de Igarapava para todo o Brasil.
Antes de se revelar com "Disparada",ele já tinha mostrado a sua característica musical e pessoal:a alegria.Prova disso está em "Deixa isso pra lá".Sim,aquele Rap que tem aquele refrão bacana,falado,e cheio de suingue."Deixe que digam,que pensem,que falem.Deixa isso pra lá,vem pra cá,o que é que tem."(...)"Faz mal bater um papo gostoso assim?"Sem me achar o sabichão,mas eu,que antes não sabia de onde vinha o rap,passei a conhecer a origem do gênero aqui no Brasil.
Na década de 70,surgiu a parceria Ary do Cavaco/Otacílio),que,a partir desse período,marcava presença constante em seus discos.Da dupla,um dos sambas gravados por ele foi "Na beira do Mangue".
Em 1985,volta a ganhar destaque na mídia com um clássico composto por Roberta Miranda,cujo o refrão diz assim:"Tô indo agora pra um lugar todinho meu.Quero uma rede preguiçosa pra deitar.Em minha volta sinfonia de pardais cantando para a majestade e o sabiá.A majestade e o sabia."Belos tempos em que se destacavam aqueles que subiam na mídia por amor à música,diferente do que se vê hoje em dia:muitos estão aí por amor ao dinheiro,e não cantam nada.Sem pulso pra música,e ainda maltratam seus fãs!
Hoje,nem adianta pedir o fã:"Tristeza,por favor vá embora...".Um infarto fulminante o levou.A MPB está de luto.As lembranças ficarão na memória da família(a quem,mesmo sem conhecer pessoalmente,desejo as minhas condolências)e dos seus seguidores e admiradores.
Mesmo a letra de "Disparada" não sendo dele,Jair cantou assim:"Eu venho lá do sertão,e posso não lhe agradar."Mas ele fez o contrário.Alegrou a todo mundo,sem forçar barra pra ninguém.Tudo bem naturalmente,com aquele molejo,com toda malemolência e bem soltinho no palco,que hoje está apagado de saudade de quem pisou nele,irradiando luz e ânimo para o seu público,que hoje se encontra órfão de seu jeito alegre de cantar e de ser.